domingo, 10 de janeiro de 2021

Tendências dos fluxos migratórios Portugueses

Tendências dos fluxos migratórios Portugueses

Tendências dos fluxos migratórios Portugueses
domingo, 10 de janeiro de 2021









Os fluxos migratórios Portuguesas, concretamente, as tendências e desafios. Desde os primórdios do tempo, a humanidade tem assistido a constantes circulações demográficas, quer sejam, individuais ou em grupo, de varias naturalidades geográficas, impulsionadas por várias razões, principalmente, a motivação económica. Nesse sentido, surge, nomeadamente, as Teorias do Capital que procuram analisar o porquê de alguns indivíduos emigrarem.    

De fato Portugal é um país com forte migração, que se tornou, numa componente estrutural da sua própria sociedade. Ao longo do tempo acostumou-se a observar Portugal como um país de emigração, sendo esta, uma das características de reconhecimento a nível mundial. Todavia Portugal também se tornou num pais de imigração, alteração frequentemente associada ao processo de descolonização das ex-colónias de África e às alterações políticas ocorridas em Portugal em 1974, responsáveis pela restauração da democracia…

Finalmente, estes fluxos de migração, (emigração e ou imigração), portuguesa trazem consequências positivas, nomeadamente, o aumento de receita do PIB, devido ao envio de remessas dos emigrantes, mas também negativas, por exemplo, a emigração definitiva de jovens altamente qualificados em idade ativa, tendo consequências nefastas, nomeadamente, do ponto de vista da demografia portuguesa.



Em tempos difíceis e conturbados como os atuais devido às crises económicas globais, os Portugueses procuram oportunidades de trabalho fora do seu território. De fato Portugal antes de ser um país de imigração é um país de emigração, sendo esta, ainda hoje uma presença constante na sociedade portuguesa. Desde a segunda metade do século XX e devido ao contexto económico global, que os fenómenos migratórios tornam-se numa realidade complexa e de grande importância pelo impacto causado a nível mundial. Nesse sentido, foram necessários grandes esforços na criação de mecanismos de controlo internacional e de estudo sobre as causas e consequências destes fenómenos. O fluxo migratório português era já uma realidade no séc.XV, aquando do povoamento pelos portugueses das ilhas do Atlântico, observou-se à saída de colonos nativos portugueses do Algarve e da região de entre o douro e alto Minho. Posteriormente, nas décadas seguintes, os movimentos de emigração intensificaram-se e alastraram-se aos territórios descobertos da costa africana, do oceano Indico e do continente sul-americano. Neste último, concretamente, no Brasil o movimento migratório intensificou-se a partir de finais do séc. XVIII, de sobremaneira que em algumas regiões de Portugal, assistiu-se a um verdadeiro êxodo, (Arroteia, 1985:435), principalmente, pela contratação de novos emigrantes das regiões do norte e centro de Portugal. Estes últimos para corrigir a falta de mão-de-obra, movimento que se manteve durante e pelo séc. XIX, por altura da 1ªGrande Guerra e sobe a partir da 2ºGrande Guerra, sendo que, a partir desse período o movimento expande-se à Europa. Ainda na conjuntura da migração Portuguesa, no século XX, segundo o autor Baganha, (1994:960), identificam-se dois ciclos migratórios, o 1º transatlântico, com inicio em meados do século passado até aos anos 50; o 2º é intraeuropeu e foi dos anos 60 a finais dos anos 70. Este fluxo migratório de diversidade regional é registado, principalmente, pela motivação económica, escolhendo a França como pais predileto de destino.                                                              

Em novo contexto, marcado pela crise do petróleo, mudança de regime e entrada de Portugal na então CEE, a emigração portuguesa sofreu alterações, passando de uma migração de cariz permanente, (até 1985), para uma atual de carácter temporário. Todavia é também nesse mesmo início de século que se assiste a um aumento do número de saídas, visando novos destinos, Reino Unido e Espanha, também com o reforço migratório das correntes já existentes, por exemplo, Suíça e Luxemburgo. Por outro lado, note-se a grande mobilidade de livre circulação permitida pela U.E., que conceptualmente, se reveste numa logica temporal e não definitiva. A presente realidade demonstra, apoiada em estudos doutrinários, designadamente, do autor, Jorge Malheiros, que os portugueses continuam a preferir o espaço europeu para procurar emprego. No entanto, embora a Europa seja o espaço de destino por eleição não detém o domínio nesta matéria, assistindo-se a uma redefinição das rotas de destino, concretamente, Reino Unido e Espanha. Externamente ao espaço europeu, como países emergentes temos por exemplo a Angola. Se por um lado neste último se assiste ao recrutamento com base na necessidade de mão-de-obra com qualificações intermédias ou mesmo elevadas, nos primeiros, Reino Unido e Espanha, as qualificações variam entre uma percentagem relativamente elevada em profissões qualificadas e um valor ainda maior em atividades não qualificadas. Relativamente à dimensão espacial, as migrações Portuguesas aproveitam as conexões sociais já conhecidas, França, Suíça e Luxemburgo, muito embora uma nova dinâmica de globalização e mobilidade internacional posicione o alargamento dos destinos, por exemplo, a Espanha e Angola, pela proximidade e componente histórico-geográfico.

 Paralelamente ao alargamento desta dimensão espacial, verifica-se a alteração dos perfis dos emigrantes portugueses, com alterações ao nível das qualificações, o rejuvenescimento e diversificação do tipo de emigrante e o aumento da presença das mulheres face aos homens. Aqui chegados, importa ainda referir os modos de inclusão profissional, a associação da competência face a instrução, assim como, o não regresso dos jovens emigrantes altamente qualificados, cuja presença é cada vez maior no universo dos emigrantes. Do ponto de vista da dimensão temporal é por demais evidente uma evolução crescente da emigração temporária em relação à permanente, fator que revela a intenção dos emigrantes de permanecerem no estrangeiro por curtos períodos de tempo, (1ano). Do ponto de vista motivacional, os portugueses emigram na sua maioria, por instabilidade económica, (emigração económica). Sumariamente, a definição contemporânea do emigrante português, insere-se num registo de emigração temporária jovem, onde 55% dos jovens têm menos de 30 anos e são na sua maioria do sexo masculino, embora se verifique um aumento crescente do número de mulheres. Da perspetiva das habilitações, a inclusão profissional da maioria com baixos níveis de instrução ou médio baixos, são absorvidos em segmentos menos qualificados, embora o número de jovens com níveis de instrução médios e elevados tenham aumentado. Relativamente à variedade de perfis do emigrante, esta tem sido acompanhada pelas mudanças de destino; pelos denominados países emergentes, Angola, Brasil e China que se assumem como polos de emigração qualificada e técnica. Na perspetiva da politica de imigração recente dos refugiados, que buscam países da U.E., para se instalarem, Portugal revelou-se estar à altura dos desafios, conseguindo, (contrariamente a outros que inclusive fecharam fronteiras), acolher, cuidar e inseri-los na comunidade. Efetivamente, alguns são forçados a emigrar por necessidade, mas também não pode ser descurado o número daqueles que são levados pelas metas e objetivos, criando um problema demográfico, uma vez que, se as saídas forem massivas poderão impedir o crescimento económico do país. Atento a facilidade com que hoje se pode ser um emigrante, carece de medidas atrativas para colmatar a saídas, (abordagem de Böhning).

Na minha opinião, a abordagem deve ser feita em termos macro e num cariz de maior solidariedade capitalista, ou seja, deve haver um equilíbrio remuneratório aceite mundialmente, onde instituições como a União Europeia, as Nações Unidas; podem e devem contribuir para essa construção ideológica. Nesse sentido, esta temática da migração nacional e suas consequências, nomeadamente, Brain Drain e Guestworker carece de máxima atenção nas agendas políticas, uma vez que, está em causa o desenvolvimento do país e até a nossa identidade nacional. 

Resumindo é de extrema importância, analisar sempre a migração Portuguesa e suas consequências, do ponto de vista micro e macro, pois não só temos a responsabilidade do desenvolvimento nacional, e honrar os compromissos com a U.E; como também devemos preservar a nossa identidade nacional, quer isto dizer a nossa gente.

 Conclusão, fluxos migratórios Portugueses em análise, são de caráter temporário, privilegiam a Europa, com uma tendência de rejuvenescimento do seu universo e face á expansão do mercado de trabalho um reforço nas qualificações, assim sendo, Portugal atendendo à sua dimensão económica e características, assume-se com um duplo papel, de recetor e emissor de mão-de-obra, num contexto de integração europeia e de globalização.

Bibliografia

Monografias:

- Arroteia, Jorge (1985), "Aspetos recentes da emigração portuguesa", Revista Crítica de Ciências Sociais (15/16/17), (pp. 435-443).

(Ultima consulta 2017-12-17 ás 20h00). http://www.ces.uc.pt/rccs/includes/download.php?id=3451

 

- Baganha, Maria Ioannis, 1994, As correntes emigratórias portuguesas no século XX e o seu impacto na economia nacional, Análise Social, XXIX (128), (pp.959-980).

(Ultima consulta 2017-12-17 ás 20h00). http://www.observatorioemigracao.secomunidades.pt/np4/592

 

- Marques, José Carlos, 2001, A emigração portuguesa para a Europa: desenvolvimentos recentes, Revista Janus, 146-147 (Ultima consulta 2017-12-17 ás 20h00). http://www.observatorioemigracao.secomunidades.pt/np4/592

 

- Rocha-Trindade, Maria Beatriz (coord.), 1995- Sociologia das Migrações. 1ª Edição – 3ª impressão Lisboa: Universidade Aberta. Agosto 2008. ISBN 978-972-674-162-6

 

- Peixoto, João, 2004, As Teorias Explicativas das Migrações: teorias Micro e Macro-Sociológicas, Socious Working Papers, Nº11, Lisboa, UTL (Ultima consulta 2017-12-17 ás 20h00). https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/2037/1/wp200411.pdf

 

- Peixoto, João, 2001, Migrações e políticas migratórias na União Europeia: livre circulação e reconhecimento de diploma (Análise Social, vol. XXXVI (158-159), 2001, 153-183) (Ultima consulta 2017-12-17 ás 20h00). http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218726268N3vZK0ty5Mj52AE8.pdf


João Carriço
Tendências dos fluxos migratórios Portugueses
4/ 5
Oleh