domingo, 30 de janeiro de 2022

Gestão Estratégia - Será que é a definição da estratégia que vai determinar a estrutura, ou pelo contrário, a estrutura existente condiciona a estratégia?

Gestão Estratégia - Será que é a definição da estratégia que vai determinar a estrutura, ou pelo contrário, a estrutura existente condiciona a estratégia?

Gestão Estratégia - Será que é a definição da estratégia que vai determinar a estrutura, ou pelo contrário, a estrutura existente condiciona a estratégia?
domingo, 30 de janeiro de 2022




Falar sobre Gestão Estratégica, é sobretudo refletir sobre conceitos de estratégia, poder, e liderança, que é de uma tamanha ampla abrangência, que penso ser permitido concluir que não cabe no cômputo desta reflexão, a sua observação aprofundada, mas sim o seu entendimento genérico.

Antes de abordar esta temática, penso ser essencial para chegar à resposta da pergunta supramencionada, compreender o conceito de estratégia, de política, poder, e sobretudo o conceito de liderança.

Em bom rigor e na verdade, a estratégia é em simultâneo uma ciência e uma arte, porque se constitui de um objeto concreto de investigação e analise, através de instrumentos teóricos e práticos, relacionando os factos e acontecimentos. Enquanto ciência socorre-se de ferramentas teóricas, todavia existem limitações estruturais do conhecimento científico, resultantes da escassez de dados, variedade de soluções estratégicas, lógica casual das ações opostas, pluralidade de atores e a pessoalização das decisões.

Por outro lado, como os desfechos estratégicos dependem da capacidade de inspiração do individuo estratégico é também considerada uma arte, que resulta de um conjunto de fatores de decisão. Estes fatores de decisão utilizam além do elemento objetivo, a componente subjetiva do aceitável, da probabilidade e da exequibilidade indispensáveis no delinear estratégico.

O desenho da arte espelha a forma habilidosa como se utiliza os meios, se gere o tempo e se liga os dois, nesse sentido, ao longo do tempo não se materializou a estratégia como uma ação puramente científica e imutável. O cariz da adaptabilidade e aplicabilidade da estratégia como matéria intelectual de elevada ordem permite ao estratega aplicar ideias com precisão, clareza e imaginação, sendo por isso um processo dinâmico e não estático.

A estratégia é autenticada nas competências do estratega que reflete um líder, praticante e teórico. A estratégia da organização é a soma das decisões e ações que oferecem de forma sustentável maior valor ao cliente do que a concorrência (Freire, 2020).

Em termos de terminologia “politica” deriva da palavra “Polis”, (Cidade-Estado), onde se desenvolvia a atividade, em comunidades de grande e pequena dimensão, de quem exercia o poder ou quem lutava para o alcançar, defendendo o interesse de todos os membros da polis, incluindo, os interesses de justiça, segurança e bem-estar. Evolutivamente, passou-se de uma perspetiva liberal de defesa e preservação de liberdade e direitos patrimoniais face ao estado, para uma perspetiva de utilização do estado, como garantia da consagração dos direitos económicos, sociais, culturais e mais tarde ambientais.

Em sentido restrito, Poder, traduz-se na capacidade de estabelecer qual deve ser a vontade alheia independentemente do processo utilizado para o efeito, nomeadamente, através do meio coercivo ou da capacidade de despertar a vontade humana de obedecer através do consentimento. Atento ao poder como fenómeno político, no sentido mais lato, caracteriza-se por ser exercido em maior escala, encarnando um sentido de obediência abstrato, ou seja, em vez de o individuo estar subordinado no seu livre arbítrio a uma pessoa concreta, os seus procedimentos são regulados e legitimados pelo poder político. Importa referir ainda sobre o poder político, a sua legitimação, organização, limitação e espaço do seu exercício.

Em termos genéricos o poder político reúne à sua volta o consenso mínimo dos apoiantes e adversários que lhe permite ser aceite sem o recurso sistemático e exclusivo à violência. Juridicamente o poder decorre da escolha efetuada nos termos da constituição e da perspetiva social, sendo legítimo, o poder que seja aceite pelo maior numero, independentemente da razão que fundamente esse facto.

A globalização e a criação de organizações como o FMI, UNESCO e a própria U.E., trouxe a necessidade de prestar atenção acrescida sobre a problemática dos espaços do exercício de poder e a sua natureza, quer seja em organizações privadas ou públicas.

Naturalmente ao abordar o assunto da gestão estratégica é preciso falar ainda sobre liderança; que no fundo é a inteligência de manipular as pessoas para trabalharem com entusiasmo apontando alcançar os objetivos reconhecidos como sendo para o bem comum, (HUNTER, 2004, p. 25). Segundo Chiavenato (2003), o conceito de liderança surgiu na década de trinta, fora do campo da história e da filosofia, já que cada autor tem o seu conceito sobre a liderança, sendo o mais usual definido pela capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos.

Na minha perspetiva, um bom líder deve de forma eficiente granjear um equilíbrio entre os objetivos da empresa, perfilando-os com os objetivos de quem trabalha na empresa. O líder deve deter competências e liderar pelo exemplo, sendo honesto com os subordinados, mas retirando deles o máximo das suas capacidades produtivas em prol da empresa. Deve atingir uma harmonia, segundo os recursos que possui, visando o lucro da empresa e assegurando que os subordinados tenham também a oportunidade de conseguir atingir os seus objetivos pessoais.

A liderança reconhece a forma como os líderes desenvolvem e seguem a função, visão e os valores essenciais para apoiar o sucesso da Organização (Manual CAF 2013, 2019, p. 19). Este raciocínio reparte-se em orientar a empresa através do desenvolvimento da missão, visão e valores; desenvolver e implementar um sistema de gestão da empresa, do desempenho e da mudança; motivar e apoiar as pessoas da empresa e servir de modelo; gerir as relações com os políticos e com as outras partes interessadas de forma a assegurar uma partilha de responsabilidade.                                                                                                         

Seguidamente, deparamo-nos com o planeamento estratégico, que é a forma como a empresa planifica e executa a sua estratégia mediante as suas necessidades, recursos e expectativas dos Stakeholders (Manual CAF 2013, 2019, p. 24). Este último fragmenta-se, naquilo que a empresa efetua na busca da informação referente às necessidades atuais e futuras visando todas as partes envolvidas; na forma como a empresa trata a informação recolhida e planifica a sua estratégia, como a implementa em toda a estrutura e como prevê a sua modificação e evolução.                                                                                                                                             

Posteriormente, refletimos sobre o capital humano, onde a empresa planifica e faz a gestão dos melhores recursos humanos, envolvendo-os com a estratégia da empresa (Manual CAF 2013, 2019, p. 29). É nesta sintonia que a empresa deve de forma equitativa e justa gerir os recursos humanos em consonância com os objetivos individuais e organizacionais, identificando, desenvolvendo, usando as competências das pessoas, através da comunicação, da delegação de funções sem deixar de garantir o bem-estar geral.                                                                     

Aqui chegados importa focar atenção nos recursos e parcerias, e saber de que forma a empresa pretende gerir, planear as parcerias, os recursos internos e garantir o cumprimento dos processos de estratégia (Manual CAF 2013, 2019, p. 33). A empresa na avaliação da sua estrutura deve, referenciar o que faz, para desenvolver e gerir as parcerias que acrescentam valor. Deve ainda implementar e fortalecer parcerias com os clientes, gerir os meios financeiros, a informação, os recursos tecnológicos e materiais.                                                                                                                                                                                                                                                                     

Por ultimo, no que concerne aos meios e processos, deve dominar a forma como são criados, geridos no sentido de os melhorar, visando o suporte necessário para modernizar as politicas e estratégias definidas, garantindo a satisfação através da criação de mais-valias para as partes envolvidas e naturalmente os clientes (Manual CAF 2013, 2019, p. 40).

A estratégia, na sua essência, na maioria das vezes, obedece aos fatores de decisão, que estão bem gravados na formulação e na operacionalização da modalidade da ação, todavia não cumpre a um raciocínio predefinido, pois trata-se de uma atividade criativa.

O pilar científico é importante na fase de formulação e operacionalização das estratégias, pois existe interesse que os líderes civis e militares percebam bem o modelo estratégico que integra a modalidade da ação, onde fazem parte os fatores de decisão, os níveis de decisão, execução, os princípios, regras, a vantagem estratégica, os modelos de ação e as provas da estratégia, de aplicação universal.

A operacionalização da estratégia nas empresas, permite aos líderes planear, discutir diferentes visões estratégicas, contudo é necessário salientar, que por muitas aproximações científicas que sejam construídas à formulação e à operacionalização da estratégia, esta permanecerá sempre, situada como uma arte e não como uma ciência.

Atento à obra “Memorias de um Outono Ocidental: Um seculo sem Bússola” do Professor Adriano Moreira, nós caminhamos numa europa sem rumo, distanciando gerações, provocando a morte antecipada da geração mais velha e seguindo um rumo de democracia não efetiva que nos vai conduzir à desordem mundial. É cada vez mais, necessário o vínculo a uma mentalidade de constante adaptação e aprendizagem.

As sociedades estão cada vez mais dinâmicas, onde o processo evolutivo é esto diante, sendo que, a aceitação a esta nova realidade é inevitável, deve-se abraçar este espirito e sintonizar nesta atual corrente.

No mundo empresarial devemos aproveitar as formas e metodologias já utilizadas, contudo sem ignorar ou negar, as novas tendências, pois pode ser uma atitude fatal que evita decerto o sucesso das empresas.

“O Projeto, não é uma simples representação do futuro, mas um futuro para fazer, um futuro a construir, uma ideia a transformar em ato”. Jean Marie Barbier, (1993), dessa forma, através da ação, aliado à sapiência, com espirito inovador, atento às novas tendências, adquirindo novos conhecimentos e respeitando a ética moral e dos bons costumes, penso estar reunidos os ingredientes necessários para uma boa gestão estratégica.



Siglas:

- Globalização - Fenômeno da aproximação das pessoas e suas culturas a nível global. O processo de globalização abarca a dimensão económica, politica, social, jurídica, social, demográfica, cultural e religiosa, ou seja, um fenómeno amplamente abrangente com impacto em todas as áreas da interação humana.                                                                                                                                                                       - UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization,                                                  - FMI – Fundo Monetário Internacional,

- EU – União Europeia,                                                                                                                                    - SWOT - Forças (Strengths, Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities), Ameaças (Threats), (em Português F.O.F.A.).

 

 

Bibliografia:

 

- Aguiar, N. (2010). O Modelo de Gestão da Qualidade CAF (Estrutura de Avaliação Comum) O Papel da Liderança. Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

      

- CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a teoria geral da administração, 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Bertrand Editora.                                                                                                                                    - HUNTER, - James. O monge e o executivo: Rio de Janeiro: Sextante, 2004.

 

- Ribeiro, António Silva, Teoria Geral da Estratégia, Coimbra, Almedina, 2009.

 

- Ribeiro, António Silva, Planeamento da ação estratégica aplicado ao Estado, Lisboa, Minerva, 1998.     

 

- Ribeiro, António Silva, Política de Defesa Nacional e Estratégia Militar – modelo de elaboração, Lisboa, Segurança e Defesa, ed. Diário de Bordo, 2010.                      

 

- Rodrigues, Carlos (2021-11-11). Gestão Estratégica no Turismo/Hotelaria  [Webinar]. Politécnico de Leiria, https://www.youtube.com/watch?v=XWHbpAL5BZI

 

- PINTO, Carla, “Empowerment, uma Prática de Serviço Social”, 1988, in BARATA, O (coord), Política Social – Lisboa: ISCSP (p.247).

 

- GIDDENS, Anthony, “O Mundo na Era da Globalização”, Lisboa: Editorial Presença. 2000

 

- BESSA, António Marques, Elites e Movimentos Sociais, Lisboa: Universidade Aberta, 2002

 

- MOREIRA, Adriano – Ciência Politica 4. ed. Coimbra: Almedina, 2009.

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Oleh