Gestão Estratégia - Será que é a definição da estratégia que vai determinar a estrutura, ou pelo contrário, a estrutura existente condiciona a estratégia?
Falar sobre Gestão
Estratégica, é sobretudo refletir sobre conceitos de estratégia, poder, e
liderança, que é de uma tamanha ampla abrangência, que penso ser permitido
concluir que não cabe no cômputo desta reflexão, a sua observação aprofundada,
mas sim o seu entendimento genérico. Antes de abordar esta
temática, penso ser essencial para chegar à resposta da pergunta
supramencionada, compreender o conceito de estratégia, de política, poder, e
sobretudo o conceito de liderança. Em bom rigor e na verdade, a estratégia é em simultâneo
uma ciência e uma arte, porque se constitui de um objeto concreto de investigação
e analise, através de instrumentos teóricos e práticos, relacionando os
factos e acontecimentos. Enquanto ciência socorre-se de ferramentas teóricas,
todavia existem limitações estruturais do conhecimento científico,
resultantes da escassez de dados, variedade de soluções estratégicas, lógica
casual das ações opostas, pluralidade de atores e a pessoalização das
decisões. Por outro lado, como os desfechos estratégicos dependem
da capacidade de inspiração do individuo estratégico é também considerada uma
arte, que resulta de um conjunto de fatores de decisão. Estes fatores de
decisão utilizam além do elemento objetivo, a componente subjetiva do
aceitável, da probabilidade e da exequibilidade indispensáveis no delinear
estratégico. O desenho da arte espelha a forma habilidosa como se
utiliza os meios, se gere o tempo e se liga os dois, nesse sentido, ao longo
do tempo não se materializou a estratégia como uma ação puramente científica
e imutável. O cariz da adaptabilidade e aplicabilidade da estratégia como
matéria intelectual de elevada ordem permite ao estratega aplicar ideias com
precisão, clareza e imaginação, sendo por isso um processo dinâmico e não
estático. A estratégia é autenticada nas competências do
estratega que reflete um líder, praticante e teórico. A estratégia da
organização é a soma das decisões e ações que oferecem de forma sustentável
maior valor ao cliente do que a concorrência (Freire, 2020). Em termos de terminologia
“politica” deriva da palavra “Polis”, (Cidade-Estado), onde se desenvolvia a
atividade, em comunidades de grande e pequena dimensão, de quem exercia o
poder ou quem lutava para o alcançar, defendendo o interesse de todos os membros
da polis, incluindo, os interesses de justiça, segurança e bem-estar.
Evolutivamente, passou-se de uma perspetiva liberal de defesa e preservação
de liberdade e direitos patrimoniais face ao estado, para uma perspetiva de
utilização do estado, como garantia da consagração dos direitos económicos,
sociais, culturais e mais tarde ambientais. Em sentido restrito, Poder,
traduz-se na capacidade de estabelecer qual deve ser a vontade alheia
independentemente do processo utilizado para o efeito, nomeadamente, através
do meio coercivo ou da capacidade de despertar a vontade humana de obedecer
através do consentimento. Atento ao poder como fenómeno político, no sentido
mais lato, caracteriza-se por ser exercido em maior escala, encarnando um
sentido de obediência abstrato, ou seja, em vez de o individuo estar
subordinado no seu livre arbítrio a uma pessoa concreta, os seus
procedimentos são regulados e legitimados pelo poder político. Importa
referir ainda sobre o poder político, a sua legitimação, organização, limitação
e espaço do seu exercício. Em termos genéricos o poder
político reúne à sua volta o consenso mínimo dos apoiantes e adversários que
lhe permite ser aceite sem o recurso sistemático e exclusivo à violência.
Juridicamente o poder decorre da escolha efetuada nos termos da constituição
e da perspetiva social, sendo legítimo, o poder que seja aceite pelo maior
numero, independentemente da razão que fundamente esse facto. A globalização e a criação de
organizações como o FMI, UNESCO e a própria U.E., trouxe a necessidade de
prestar atenção acrescida sobre a problemática dos espaços do exercício de
poder e a sua natureza, quer seja em organizações privadas ou públicas. Naturalmente ao abordar o
assunto da gestão estratégica é preciso falar ainda sobre liderança; que no
fundo é a inteligência de manipular as pessoas para trabalharem com entusiasmo
apontando alcançar os objetivos reconhecidos como sendo para o bem comum,
(HUNTER, 2004, p. 25). Segundo Chiavenato
(2003), o conceito de liderança surgiu na década de trinta, fora do campo da
história e da filosofia, já que cada autor tem o seu conceito sobre a
liderança, sendo o mais usual definido pela capacidade de influenciar um
grupo em direção ao alcance de objetivos. Na minha perspetiva, um bom
líder deve de forma eficiente granjear um equilíbrio entre os objetivos da
empresa, perfilando-os com os objetivos de quem trabalha na empresa. O líder
deve deter competências e liderar pelo exemplo, sendo honesto com os
subordinados, mas retirando deles o máximo das suas capacidades produtivas em
prol da empresa. Deve atingir uma harmonia, segundo os recursos que possui,
visando o lucro da empresa e assegurando que os subordinados tenham também a
oportunidade de conseguir atingir os seus objetivos pessoais. A liderança reconhece a forma
como os líderes desenvolvem e seguem a função, visão e os valores essenciais
para apoiar o sucesso da Organização (Manual CAF 2013, 2019, p. 19). Este
raciocínio reparte-se em orientar a empresa através do desenvolvimento da
missão, visão e valores; desenvolver e implementar um sistema de gestão da
empresa, do desempenho e da mudança; motivar e apoiar as pessoas da empresa e
servir de modelo; gerir as relações com os políticos e com as outras partes
interessadas de forma a assegurar uma partilha de responsabilidade.
Seguidamente, deparamo-nos
com o planeamento estratégico, que é a forma como a empresa planifica e
executa a sua estratégia mediante as suas necessidades, recursos e
expectativas dos Stakeholders
(Manual CAF 2013, 2019, p. 24). Este último fragmenta-se, naquilo que a empresa
efetua na busca da informação referente às necessidades atuais e futuras visando
todas as partes envolvidas; na forma como a empresa trata a informação
recolhida e planifica a sua estratégia, como a implementa em toda a estrutura
e como prevê a sua modificação e evolução.
Posteriormente, refletimos sobre
o capital humano, onde a empresa planifica e faz a gestão dos melhores
recursos humanos, envolvendo-os com a estratégia da empresa (Manual CAF 2013,
2019, p. 29). É nesta sintonia que a empresa deve de forma equitativa e justa
gerir os recursos humanos em consonância com os objetivos individuais e organizacionais,
identificando, desenvolvendo, usando as competências das pessoas, através da
comunicação, da delegação de funções sem deixar de garantir o bem-estar
geral. Aqui chegados importa focar
atenção nos recursos e parcerias, e saber de que forma a empresa pretende
gerir, planear as parcerias, os recursos internos e garantir o cumprimento
dos processos de estratégia (Manual CAF 2013, 2019, p. 33). A empresa na
avaliação da sua estrutura deve, referenciar o que faz, para desenvolver e
gerir as parcerias que acrescentam valor. Deve ainda implementar e fortalecer
parcerias com os clientes, gerir os meios financeiros, a informação, os
recursos tecnológicos e materiais.
Por ultimo, no que concerne
aos meios e processos, deve dominar a forma como são criados, geridos no
sentido de os melhorar, visando o suporte necessário para modernizar as
politicas e estratégias definidas, garantindo a satisfação através da criação
de mais-valias para as partes envolvidas e naturalmente os clientes (Manual
CAF 2013, 2019, p. 40). A estratégia, na sua essência,
na maioria das vezes, obedece aos fatores de decisão, que estão bem gravados
na formulação e na operacionalização da modalidade da ação, todavia não
cumpre a um raciocínio predefinido, pois trata-se de uma atividade criativa. O pilar científico é
importante na fase de formulação e operacionalização das estratégias, pois
existe interesse que os líderes civis e militares percebam bem o modelo estratégico
que integra a modalidade da ação, onde fazem parte os fatores de decisão, os
níveis de decisão, execução, os princípios, regras, a vantagem estratégica,
os modelos de ação e as provas da estratégia, de aplicação universal. A operacionalização da
estratégia nas empresas, permite aos líderes planear, discutir diferentes
visões estratégicas, contudo é necessário salientar, que por muitas
aproximações científicas que sejam construídas à formulação e à
operacionalização da estratégia, esta permanecerá sempre, situada como uma
arte e não como uma ciência. Atento à obra “Memorias de um
Outono Ocidental: Um seculo sem Bússola” do Professor Adriano Moreira, nós
caminhamos numa europa sem rumo, distanciando gerações, provocando a morte
antecipada da geração mais velha e seguindo um rumo de democracia não efetiva
que nos vai conduzir à desordem mundial. É cada vez mais, necessário o
vínculo a uma mentalidade de constante adaptação e aprendizagem. As sociedades estão cada vez
mais dinâmicas, onde o processo evolutivo é esto diante, sendo que, a
aceitação a esta nova realidade é inevitável, deve-se abraçar este espirito e
sintonizar nesta atual corrente. No mundo empresarial devemos
aproveitar as formas e metodologias já utilizadas, contudo sem ignorar ou
negar, as novas tendências, pois pode ser uma atitude fatal que evita decerto
o sucesso das empresas. |
“O Projeto, não é uma simples representação do futuro, mas um futuro para fazer, um futuro a construir, uma ideia a transformar em ato”. Jean Marie Barbier, (1993), dessa forma, através da ação, aliado à sapiência, com espirito inovador, atento às novas tendências, adquirindo novos conhecimentos e respeitando a ética moral e dos bons costumes, penso estar reunidos os ingredientes necessários para uma boa gestão estratégica.
Siglas:
- Globalização -
Fenômeno da aproximação das pessoas e suas culturas a nível global. O processo
de globalização abarca a dimensão económica, politica, social, jurídica,
social, demográfica, cultural e religiosa, ou seja, um fenómeno amplamente
abrangente com impacto em todas as áreas da interação humana. - UNESCO
- United Nations Educational, Scientific
and Cultural Organization, - FMI – Fundo Monetário Internacional,
- EU – União
Europeia, - SWOT - Forças (Strengths, Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades
(Opportunities), Ameaças (Threats), (em Português F.O.F.A.).
Bibliografia:
- Aguiar, N. (2010). O Modelo de
Gestão da Qualidade CAF (Estrutura de Avaliação Comum) O Papel da Liderança.
Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
- CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a
teoria geral da administração, 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Bertrand
Editora. - HUNTER, - James. O monge e o executivo: Rio
de Janeiro: Sextante, 2004.
- Ribeiro, António Silva, Teoria
Geral da Estratégia, Coimbra, Almedina, 2009.
- Ribeiro, António Silva, Planeamento
da ação estratégica aplicado ao Estado, Lisboa, Minerva, 1998.
- Ribeiro, António Silva, Política de
Defesa Nacional e Estratégia Militar – modelo de elaboração, Lisboa, Segurança
e Defesa, ed. Diário de Bordo, 2010.
- Rodrigues, Carlos (2021-11-11). Gestão Estratégica no Turismo/Hotelaria
[Webinar]. Politécnico de Leiria, https://www.youtube.com/watch?v=XWHbpAL5BZI
- PINTO, Carla, “Empowerment, uma Prática de Serviço Social”, 1988, in BARATA, O
(coord), Política Social – Lisboa: ISCSP (p.247).
- GIDDENS, Anthony, “O Mundo na Era
da Globalização”, Lisboa: Editorial Presença. 2000
- BESSA, António Marques, Elites e
Movimentos Sociais, Lisboa: Universidade Aberta, 2002
- MOREIRA, Adriano – Ciência Politica
4. ed. Coimbra: Almedina, 2009.
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