segunda-feira, 13 de junho de 2022

Criptomoedas e a Mineração

Criptomoedas e a Mineração

Criptomoedas e a Mineração
segunda-feira, 13 de junho de 2022

 

 Criptomoedas e a Mineração



 

Em sentido genérico, uma cripto moeda é dinheiro, como as moedas que habitualmente transacionamos no nosso cotidiano, com uma diferença fundamental é inteiramente digital. Este tipo de dinheiro não é emitido por nenhum governo, como o caso do euro ou do dólar, chamadas moedas fiduciárias.

O conceito tácito das cripto moedas foi abordado em 1998 por por Wei Dai, onde propôs utilizar a criptografia para verificar a realização de transações com um tipo novo de dinheiro. A grande consequência desse novo conceito é que ao ser posto em prática, não existe mais a necessidade de existir uma autoridade central controladora como acontece com as moedas convencionais.

Na realidade as cripto moedas são usadas com os mesmos destinos da moeda física, assumindo três funções fundamentais, facilita as transações comerciais como meio de troca, para a proteção do poder de compra no futuro através da reserva de valor e também como unidade contábil, quando os produtos são tabelados e o cálculo financeiro é realizado em função dela. Atualmente, o Bitcoin ainda não alcançou o estatuto de unidade de conta, por conta da grande volatilidade que a sua cotação está sujeita.

Aqui chegados, importa perceber como é realizada a produção deste tipo de dinheiro digital, sendo que para isso é preciso abordar o assunto da mineração.

No sentido de aprofundar o tema da mineração, é preciso saber que as moedas digitais, como o bitcoin, reproduzem um código complexo que não pode ser alterado, porque as transações são protegidas pela criptografia. Desse modo, como não existe uma autoridade que acompanhe as transações, estas precisam de ser registadas, validadas individualmente por um grupo de pessoas, ou melhor pelos seus computadores que estão a resolver os cálculos matemáticos gravando-as no denominado blockchain. Este ultimo, mais não é do que um registro enorme de banco de dados públicos, das transações realizadas em cada unidade de bitcoin, sendo que as outras moedas também se baseiam no mesmo principio tecnológico.

Todas as transações são únicas, quem regista essas transações são os mineradores, que oferecem a capacidade de processamento dos seus computadores para realizar, registar e conferir as operações em troca de remuneração de novas unidades de criptomoedas.

Pelo exposto, designadamente o bitcoin é criado mediante a utilização de uma rede formada por milhares de computadores, a resolver problemas matemáticos complexos que verificam e validam as transações contidas no blockchain.

Resumidamente, a mineração é a produção de novas unidades de moedas digitais, sendo que, à semelhança da extração de oiro da terra, quanto mais computadores são usados para o aumento da capacidade de processamento na mineração os problemas matemáticos ficam cada vez mais difíceis de resolver, ou seja, isso acontece precisamente para limitar o processo de mineração, sendo o bitcoin como o ouro um bem finito, conforme abordado mais frente.

Importa referir que, apesar de o bitcoin ser a moeda digital mais conhecida existe uma variedade de outras moedas com características bem distintas.

O bitcoin, (BTC) é a mais reconhecida das moedas digitais, tendo sido o primeiro sistema de pagamentos global completamente descentralizado.

Em plena crise financeira global de 2008, lançada pelo colapso no mercado americano, é esboçado este sistema com o objetivo de eliminar o dinheiro papel e a necessidade da banca intermediar as operações financeiras. A primeira prova deste conceito foram aludidos num artigo assinado por Satoshi Nakamoto, pseudônimo de um programador ou de um grupo de programadores, que até hoje não foram identificados. Este grupo de programadores criou a logica de funcionamento do blockchain, que permitiu a existência do bitcoin, tendo sido ainda estabelecido um limite máximo de 21 milhões de bitcoins para circulação, cujo limite se prevê ser atingido com a última moeda minerada no ano de 2140.

Numa tentativa de aperfeiçoar o bitcoin original surge o bitcoin cash, (BCH) em agosto de 2017, assim o bitcoin original que contava com taxas mais elevadas e maior tempo no processamento de cada operação; é aprimorado pelo bitcoin cash que permitiu um limite de de bloco de 8 mb, maior que o de 1 mb do original, o que facilitou a confirmação de transações de forma mais rápida e com taxas mais baixas. O processo de funcionamento é semelhante ao original também com um limite de 21 milhões de moedas.

Sobre a moeda do Ether, em 2016 foi detetado por um hacker uma falha no sistema que lhe permitiu furtar 50 milhões de dólares em Ether, o que originou o repensar do futuro da moeda, tendo a comunidade que a mantinha criado uma nova rede, o Ethereum Classic, cuja moeda de popularizou por Ethereum, (ETH). Após o apoio da comunidade esta moeda ficou a valer mais do que a primeira versão, até porque, o Ether moeda original, não fora criado para ser uma moeda digital como o bitcoin, ou seja, a ideia era ser um ativo para recompensar os programadores pelo uso da plataforma Ethereum nos seus projetos. Esta plataforma descentralizada é utilizada para execução de contratos inteligentes; que são operações automatizadas que acontecem quando certas condições são observadas. Como no bitcoin, na base de validação das transações com Ethereum, está também a blockchain garantindo a segurança evitando enganos, cuja criação de novas moedas assenta também no processo de mineração, sendo das criptomoedas mais negociadas do mundo.

Por outro lado, a moeda Tether, (USDT), lançada em 2014 é uma stablecoin, porque tem alicerce na moeda física, ou seja, esta mantem uma paridade com o dólar americano, o que significa que por cada Tether produzido é preciso existir um dólar equivalente em cofre. A principal característica desta moeda é ser uma moeda estável, com menor volatilidade representando as moedas físicas no mundo digital, tornando-se na opção para executar transferências das diferentes cripto moedas pelos sistemas. Esta diferença permite aos investidores se protegerem das várias variações de preços de outros ativos evitando perdas avultadas durante as operações, é negociada essencialmente na bitfinex, uma bolsa de criptomoedas que tem acionistas em comum com a empresa Tether controladora da moeda.

Outra moeda de destaque criada em 2011 é o Ripple, (XRP), que é baseado num protocolo de pagamento a funcionar no sistema XRP, uma das características desta moeda é o suporte de tokens na sua rede, que é a representação de moedas convencionais e outros bens. Este sistema permite realizar pagamentos imediatos e seguros, pensado pelo programador Ryan Fugger, o gestor Chris Larsen e o programador Jed McCaleb, esta moeda é mais que um tipo de dinheiro, é um sistema em que qualquer moeda, como por exemplo, o bitcoin pode ser negociada. Em certa medida de funcionamento o Ripple pode-se comparar com os bancos, porque pode aceitar vários ativos facilitando a realização das transações. Por essas razões o Ripple caminha em sentido oposto ao idealizado pelas restantes moedas digitais, que têm como ideologia a não dependência no sistema financeiro convencional para a realização das operações. Outra forte característica é que não existe um processo de mineração, como concretamente no caso do bitcoin ou Ethereum.

Antes de terminar a abordagem sobre as cripto moedas, é necessário falar ainda de mais uma moeda semelhante ao bitcoin, o litecoin, (LTC), criado em 2011 por um ex-funcionário do Google Charlie Lee, porque tem como característica a redução no tempo da confirmação das transações no processo de mineração, facilitando a participação no processo de criação por qualquer pessoa. Com um processamento mais rápido, esta moeda é o mais indicado na realização da transações do dia-a-dia e ao contrário do bitcoin que funciona como reserva de valor esta moeda tem um limite superior de produção tendo como limite os 84 milhões de moedas.

Em suma, o cripto moedas são ativos, fruto de uma recente tecnologia de logica avançada de funcionamento, sendo que, ainda existe muito por entender na operação das mesmas, contudo oferecem vantagens em relação às moedas físicas e outros meios de pagamento, por exemplo, liberdade de pagamento; tanto a receber, como a pagar é instantâneo, com taxas muito baixas ou até inexistentes, segurança nos dados pessoais aquando dos pagamentos sem os vincular, protegendo assim a identidade e até furtos com a utilização das cópias de segurança através da criptografia. Todas as informações estão registadas na blockchain e nenhuma instituição pode controlar ou manipular o protocolo da moeda digital. Por outro lado, do ponto de vista menos positivo temos a grande volatilidade das moedas que estão na correlação direta do grau de aceitação dos utilizadores, sendo que ainda existe poucos estabelecimentos a aceitar essa forma de pagamento. As cripto moedas estão cada vez mais a ganhar visibilidade, e os analistas de mercado, vislumbram um amadurecimento de mercado com a redução da volatilidade ao longo do tempo.

Após compreender o que são e como funcionam as cripto moedas, mergulhamos no conceito de mineração como suporte ao projeto de turismo rural. Já existem muitas pessoas a utilizar a mineração como forma de suportar, por exemplo, as despesas de manutenção dos condomínios, mas parece-me inovador o conceito de sustentabilidade de um negócio através da mineração.

Segundo Bazan, (2018) há duas maneiras de obter as cripto moedas, ou pela sua compra em site especializado para o efeito ou através do processo de mineração, através de cálculos matemáticos computacionais do hardware para descriptografar novas transações da moeda em um novo bloco, validando-o, inserindo-o no Blockchain, ganhando-o uma recompensa nessa moeda. É portanto essa a decisão de sustentabilidade que se quer implementar no projeto de turismo rural, investir em equipamentos capazes de garantir o ROI, (retorno do investimento), permitindo ainda após essa fase, alimentar o negocio com capital suficiente para que mesmo que o core business não esteja a rentabilizar como se ambiciona, o negocio não fica comprometido, porque é sustentado pela mineração.

Ao longo do tempo, a inovação é notável no que concerne aos equipamentos utilizados para minerar, aparelhos mais específicos e mais eficientes foram criados para a mineração (ALKUDMANI, 2020), sendo que, o retorno está intimamente ligado ao tipo de máquina utilizada, quer seja baseada em placas gráficas ou asics, sendo que, para este projeto se tenha decidido utilizar o seguinte equipamento.





Pelo exposto, de forma resumida a posse de placas de vídeo, processador, memoria e uma placa mãe com um número considerável de slots pci express e uma fonte de alimentação daria para iniciar o processo de mineração, (Financialmove, 2018), todavia apesar das placas de vídeo servirem bem o propósito, elas foram criadas com outras funções, dai a escolha de um antiminer. Esta possui um desempenho elevado na resolução de cálculos matemáticos essencial para minerar cripto moedas. Segundo Bazan, (2018) esse computador pode ser comprado em site especializado, existindo vários modelos no mercado, onde as principais diferenças entre eles são poder de processamento e o consumo de energia.

Segundo Riggs (2019) a bitmain criou a antminer Z11 que tem três vezes a capacidade de processamento do anterior modelo, superando as máquinas concorrentes em consumo de energia e eficiência. Importa esclarecer e como plano de contingência que existe alternativa a estas máquinas dedicadas, por exemplo, formar a conhecida pool de mineração, que mais não é do que várias pessoas a combinar o poder computacional das suas maquinas para uma maior eficiência e desempenho e, à medida que se têm uma recompensa, ela é dividida por todos os participantes (PASTORINO, 2018).

Ainda em alternativa, temos o processo denominado de Clound Mining, que se traduz no investimento de determinado valor em uma empresa que possui equipamentos de mineração, (hubmines.com), oferecendo dividendos percentuais do montante investido, em forma de valor fiduciário ou em moedas digitais, (LESSA, 2020).

O cripto moedas estão na moda, é de fato uma tendência de gerar renda rápida, sendo cada vez mais conhecidas e utilizadas pelo mundo. Em Portugal, mesmo que esta tecnologia ainda não seja muito acessível, até por causa da falta da regulamentação e de poucos estabelecimentos as utilizarem como meio de pagamento, pouco a pouco observa-se a sua introdução e prevê-se a sua implementação, que acabará por revolucionar os meios de transferência e troca de bens e serviços.

Em suma, as possibilidades são imensas, devido à rentabilidade e margem de lucro que a mineração oferece, podendo ser o alicerce de muitos negócios, a variedade de cripto moedas e as respetivas valorizações dependentes das oscilações de mercado, podem fazer a diferença de escalabilidade das próprias empresa que as adotam. Claro que o jogo de compra e venda se assemelha à bolsa tradicional, mas a vertente de produção, mineração pode permitir para além de um ganho constante real, diário, mensal e anual, a possibilidade a longo prazo, de um ganho substancial como já aconteceu, passando um bitcoin, de um valor zero a 69.000 dólares, (https://coinmarketcap.com).

 

BIBLIOGRÁFICA:

-       ANDERSON, Andreas Criptocurrencies, Wisconsin: 2017, Pubish Drive. ANTONOPOULOS, Andreas M. Mastering Bitcoin. Unlock digital cripto-currencies. O’Reilly, 2014. Mastering Bitcoin. Unlock digital cripto-currencies. O’Reilly. 2016. Versão traduzida.

 

-       FERBER, Stefan. How the Internet of Things Changes Everything. Harvard Business Review. 2013. Disponível em https://hbr.org/2013/05/how-the-internet-of-things-cha. Acesso em 2017/12/25.

 

-       LEE, Larissa. New Kids on the Blockchain: How Bitcoin's Technology Could Reinvent the Stock Market. Hastings Bus. LJ, v. 12, p. 81, 2015.

 

-       GIUNGATO, Pasquale. ew Current Trends in Sustainability of Bitcoins and Related Blockchain Technology, in Sustainability Magazine 2017, 9

 

-       KAMIENSKI, Carlos, SOUTO Eduardo, ROCHA, João, DOMINGUES, Marco, CALLADO, Arthur, SADOK, Djamel. Peer-to-Peer: Computação Colaborativa na Internet. 2004. Disponível em http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/jai/2005/004.pdf. Acesso em 2018/05/01.

 

-       NAKAMOTO, Satoshi. Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System. 2008. Available in https://bitcoin.org/bitcoin.pdf. Acesso em 2022/06/12

 

-       NARAYANAN, Arvind; BONNEAU, Joseph; FELTEN, Edward; MILLER, Andrew; GOLDFEDER, Steven. Bitcoin and Cryptocurrency Technologies: A comprehensive Introduction. Princeton University Press, 2016.

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