Revoluções impulsionadoras do mundo contemporâneo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019
As sociedades europeias, descendentes
de uma antiga sociedade de ordens, caracteriza-se por uma estratificação em
classes e uma forte hierarquização. A ordem social é um sistema de organização
do poder dentro da sociedade, tendo como instrumentos o poder politico,
financeiro e mediático. A ordem social é também determinada pelos
acontecimentos históricos e pela forma de regulação dos mesmos.
Desta forma na Inglaterra, na metade
do século XVIII e nos princípios do Século XIX surge a Revolução Industrial, que
posteriormente, se alarga ao resto da Europa continental. A mesma representou a
totalidade das revoluções burguesas do século XVII, causadoras da crise do
antigo regime e responsáveis pela passagem do capitalismo comercial para o
industrial.
A revolução Francesa teve início
devido a mecanismos económicos e financeiros, sendo que, antes da revolução, a
prosperidade transforma-se em dificuldade financeira, levando ao desespero
geral do povo. Ao contrário de outros países, esta crise fui péssima para o
regime de Versalhes, uma vez que, não existia um solido sistema bancário,
levando a desconfia do papel-moeda e conduzindo à febre do ouro.
Consequentemente, não havia a possibilidade de resistir a crises sociais, pois
não existiam organismos de crédito suficientes para satisfazer as necessidades.
Pode-se afirmar que a revolução Francesa marca a transição da Idade Media para
a Contemporânea.
No sentido mais lato, a Revolução
Industrial substituiu os utensílios manuais pela maquinaria, ajudando na
consolidação do capitalismo. Assiste-se por isso à alteração da utilização da
força de trabalho humana, pela motriz, ou seja, o trabalho artesanal dá lugar
ao início da manufatura industrial. A revolução iniciou-se com a mecanização da
indústria têxtil e com o desenvolvimento do fabrico do ferro. Posteriormente, a
melhoria das rotas de transporte e mais tarde o nascimento dos
caminhos-de-ferro, veio permitir o alargamento e a expansão do comércio.
Na idade moderna, a sociedade era
organizada em Estados ou Ordens, cada um com a sua função social e
características próprias, como os estatutos de normas jurídicas. Tinham uma
estratificação hierarquizada e organizada mediante o poder, prestígio e
riqueza. Era fomentada através do estatuto social, dignidade, honra, direitos,
privilégios e deveres. Na sua essência este tipo de organização define-se pelo
nascimento e funções exercidas socialmente. De tradição a sociedade do antigo
regime dividia-se em três estados ou ordens, clero, nobreza e povo ou terceiro
estado.
O Clero era dominante, gozava de
regalias e imunidades, o único que não era adquirido por nascimento, mas pela tonsura,
possuíam grande riqueza patrimonial, em media um terço das terras do pais,
palácios e igrejas, recebiam dízimos, donativos e esmolas, dispunham de
tribunais próprios, não respondiam à lei régia e não pagavam impostos.
Constituem um grupo muito heterogéneo, composto por altos cargos, como os
Cardeais, até ao simples Padre, semelhante aos seus fiéis. Comparativamente às
restantes ordens, devido às suas funções e através do domínio da educação,
conseguem exercer forte influência ideológica, atingindo uma importância notável
na sociedade. Na europa ocidental, durante a idade média, a doutrina católica
não era seguida pela igreja ortodoxa, exemplo disso, era os votos de pobreza,
castidade e obediência e o celibato eclesiástico. Apesar disso assiste-se a uma
ascensão dos indivíduos não privilegiados ao alto clero. No Norte da Europa, a
sociedade de ordens, e consequentemente, o Antigo Regime dissipa-se devido a
Reforma Protestante. Aliado ao clero está a Nobreza, que é formada por um grupo
de indivíduos privilegiados da sociedade do Antigo Regime. Este grupo apesar de
não ser numeroso detinha forte poder político e económico. A nobreza conseguia
manter a elevada posição social, devido às suas propriedades latifundiárias, a não
pagarem grande parte dos impostos, receberem rendas elevadas dos campónios e aos
altos cargos militares e políticos que ocupavam. Ainda por nascimento, era-lhes
concedido direitos penais favoráveis, a exclusiva possibilidade de inclusão nos
cargos de governação e da igreja e direitos senhoriais concedidos pelo próprio
rei. Na nobreza, devido às suas condições económicas, nem todos tinham a mesma
importância social, o que faz desta classe, um grupo heterogéneo. Na base da
pirâmide, encontra-se o terceiro estado ou o povo, cuja maioria da população
inseria-se numa sociedade agrária, sendo uma classe também heterogénea,
composta por assalariados de todo o tipo, banqueiros, médicos, jornaleiro,
camponeses, etc. Devido a crise económica pré-industrial esta classe vivia em condições
muito difíceis, limitando-se simplesmente a sobreviver. O povo era dependente
dos proprietários e tinha que pagar impostos e rendas pesadas, principalmente à
Nobreza e ao Clero. A burguesia, (os novos ricos do terceiro estado), apesar de
não serem vistos com bons olhos, pela nobreza e clero, destacam-se pelo poder
económico que conseguem atingir, sendo muitas vezes solicitados, para conceder
empréstimos aos Reis. A burguesia no Antigo Regime consegue ascender à nobreza,
através do casamento entre famílias ricas e pelos serviços prestados ao Rei.
A Europa Ocidental estava
principalmente estratificada desta forma, contudo existiram exceções, como foi
o caso da França, que dividia a população em quatro estados.
O primeiro grupo era composto por
bispos, arcebispos e cardeais; o segundo englobava os oficiais de finanças e
justiça, (que lhes conferia o título de nobreza); o terceiro é formado por
advogados, financeiros, magistrados, comerciantes, ou seja, cargos que não
conferiam o grau de nobreza. Por ultimo, o quarto que era composto pelo que
sobrava, o povo, lavradores, gente de ofícios, mendigos, vagabundos e pobres.
No Leste Europeu, a sociedade é
caracterizada pelo regime feudal, patriarcal e senhorial. É neste contexto
social, que a burguesia industrial, sedenta pelo aumento do lucro e diminuição
do preço produtivo, tenta arranjar formas de aumentar e melhorar a produção. As
transformações tecnológicas e industriais tiveram na base do início da história
contemporânea, existindo uma interação da indústria e da sociedade urbana,
impulsionando e contribuindo para o desaparecimento do Antigo Regime. Estas
alterações conduziram à indústria mecanizada, modificando a economia até então artesanal
e agraria. No seculo XVIII, dá-se uma mudança profunda na estrutura da
sociedade e dos sistemas de trabalho da Inglaterra. O mundo velho e rural passa
a um mundo citadino, onde o trabalho manual passa a ser realizado em máquinas,
verificando-se em toda a europa transformações demográficas devido ao êxodo
rural, assistindo-se ao nascimento de uma nova classe social, o proletariado.
É devido a um conjunto de fatores, e
através de um processo dinâmico e contínuo, que se dá a revolução industrial,
sendo que, podemos afirmar que a sua origem deve-se à massificação da indústria,
feita através da criação de fábricas e do uso da força motriz. Aliado a tudo
isto, um forte sentimento de liberdade e igualdade incentiva os povos a inovar,
permitindo o desenvolvimento da economia e o enriquecimento pessoal. Durante o
período do seculo XVIII, as grandes inovações como a invenção de novas máquinas,
conduziram ao progresso e consequentemente ao crescimento populacional mundial,
verificando-se uma alocação de mão-de-obra para a indústria, transportes e
minas.
Na Inglaterra os movimentos dos
novos-ricos revolucionam a indústria, investindo capital na produção em massa.
A burguesia veio desencadear a ideia de criação e enriquecimento, sendo que, a verdadeira
mudança só aconteceu através da revolução agrícola, dos transportes e
demográfica, que no fundo constituem a verdadeira revolução económica. Contrariamente
à Inglaterra, a revolução industrial na França aconteceu um pouco mais tarde e
de forma mais lenta. Nos finais do seculo XVIII, a França era um país agrário,
onde reinava a pequena manufatura. Na França, (ao contrario da Inglaterra), predominava
o sistema feudal, tendo o sistema de arroteamento terminado com os pequenos
camponeses. Apenas no final do seculo XVIII, a França desenvolve a pequena
indústria metalúrgica, as minas de hulha, fundições e as vidreiras, sendo que,
em Paris residiam a maior parte de artesãos e manufatureiros. Depois do fim do
regime absolutista, dá-se gradualmente a revolução industrial, através da
siderurgia e do têxtil. Assim na França a revolução industrial evolui mais
devagar do que na Inglaterra, uma vez que, as industrias pesadas e ligeiras não
tinham mercado devido a predominância da pequena propriedade agraria. A
indústria ligeira não se desenvolvia, por causa, da teimosia da banca, dado
que, esta não estava interessada no desenvolvimento do comércio e da indústria.
Em meados de 1831, começam a surgir movimentos contra a exploração dos
trabalhadores, pelo que, na década seguinte aparece a doutrina comunista que conquista
seguidores fiéis entre a classe operaria. A adesão à ideologia comunista, por
parte do proletariado permitiu a separação da pequena burguesia e com isso a
criação de uma nova classe. Os trabalhadores começam por formar uma espécie de
sindicatos os Trade Unions, com o objetivo de melhorar as suas condições de
trabalho. Destaque para o movimento denominado Cartista que exigia o fim do
voto censitário e melhores condições de trabalho. Mais radical era o movimento
conhecido como Ludismo, (destruidores de maquinas), as fábricas eram invadidas
e destruídas como sinal de protesto.
Na Inglaterra durante a Revolução
Industrial, devido às mudanças da estrutura profissional e da transferência de
mão-de-obra agraria para as diferentes áreas da indústria, observa-se o
desaparecimento do camponês. O colossal desenvolvimento económico transforma as
cidades em grandes centros industriais, permitindo por um lado o aumento
significativo da riqueza da burguesia, e por outro a proliferação da pobreza e
a insatisfação das massas trabalhadoras.
A revolução
industrial permitiu a separação do capital e do trabalho e com isso definiu a
luta de classes. Permitiu ainda métodos de produção mais eficientes, diminuindo
o preço e aumentando a procura. Como consequência negativa, devido a problemas
socioeconómicos, (alcoolismo, prostituição), e sobretudo pela substituição do
homem pela máquina, verificou-se o aumento da taxa de desemprego. Em termos
sociais a Revolução Industrial contribuiu para a poluição ambiental e sonora, à
intensa urbanização devido ao êxodo rural, ao aumento do comércio interno e
internacional, ao aperfeiçoamento dos meios e redes de transportes, e sobretudo
à redistribuição do poder e da riqueza pelo mundo.
João Carriço
Revoluções impulsionadoras do mundo contemporâneo.
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